A densidade necessária

Foram precisos alguns dias seguidos de densa neblina
para encharcar meus poros e fazer rebrotar os fungos
irrigando os veios da palavra
nutrindo o musgo seco de versos há muito quietos
inertes quase uma vida

Foram preciosos tais dias quando a incidência direta do sol
fora ofuscada, e tudo mergulhara em brancos superficiais e
...........................................................................[intensos cinzas

Quando se apagaram com umidade os excessos solares dos dias
apenas a poesia pôde reinar e gastar grafites em trincadas percepções
......................................................................................[comuns
em seccionadas observações vulgares

3 comentários:

The Philosopher disse...

Fantástico! Expressa perfeitamente e poeticamente o clima em que estamos... Adorei!

Oldthomaz disse...

As palavras germinaram e floresceram em um poema,inesperadamente,pois era o tempo nescessario para que se cumprisse o proprio tempo!

Unknown disse...

Paisagens que não se interrompem na pele. O corpo da cidade encharcando e empurrando as palavras que moram dentro como um catéter a expuldá-las da estação passada. Belo poema.